Mesa redonda debate formas de comunicação alternativa no cotidiano
Conversa ocorreu no VI Simpósio de Comunicação Popular e Comunitária, realizado na UEL
Juliano Quirino, Gabriela Hirata e Matheus Costa*

Na noite da última quinta-feira (24/04), a sala de eventos do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) recebeu a mesa redonda “A atualidade das expressões alternativas de comunicação”. Mediada pelo professor Manoel Bastos, coordenador do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação na instituição (PPGCOM-UEL), o debate reuniu o cineasta e escritor argentino Carlos Pronzato, o músico MC Leonardo e o artista de grafite, Marco Gobatto. O bate-papo fez parte da programação da sexta edição do Simpósio de Comunicação Popular e Comunitária, evento organizado pelo Núcleo de Pesquisa em Comunicação Popular da UEL (NCP) sob o tema “Comunicação Popular e Comunitária: contra a barbárie, por um projeto anticapitalista!”.
Durante o debate, os convidados tiveram a oportunidade de oferecer diferentes olhares sobre a comunicação alternativa contemporânea a partir de suas vivências em áreas distintas, como as artes visuais, a música e a produção audiovisual. Ao fim, houve espaço para questionamentos do público participante. Na conversa, Gobatto, que é formado em Artes Visuais pela UEL, comentou sobre a especialização em Comunicação Popular e Comunitária, que cursou na UEL e reforçou o papel das expressões artísticas como formas de posicionamento e produtos comunicativos.
Pronzato, por sua vez, detalhou seu trabalho como produtor de documentários focados em histórias orais de figuras de protagonismo social e político em situações conflitivas, como o hoje deputado estadual Renato Freitas, cassado em 2022 de seu mandato de vereador em Curitiba sob acusação de “invadir” uma igreja, e Maria Tereza Capra, vereadora de São Miguel do Oeste (SC) cassada no mesmo ano por denunciar gesto nazista em manifestações na cidade catarinense. Os dois casos foram temas de documentários produzidos por Pronzato. “Renato, um de nós”, sobre o deputado paranaense e “O alerta do gesto: a cassação de Maria Tereza Capra”, estão disponíveis no canal de Pronzato no youtube. “A gente não pede para (o entrevistado) dizer absolutamente nada pré-fabricado, como é feito na publicidade e na política. A gente depende do que a história oral nos oferece”, relata, sobre o processo.
MC Leonardo, que junto com seu irmão irmão MC Júnior, compôs o “Rap das Armas”, conhecido nacionalmente por abrir o filme Tropa de Elite e integrante da primeira geração de MC’s, criticou a atuação da grande mídia na construção de uma imagem negativa sobre o funk nacional e os bailes do gênero, que, segundo ele, foram transformados em “locais de tráfico” pelos meios dominantes. Além disso, o artista defendeu a importância da música e dos investimentos em cultura como meios de socialização, expressão e aproximação às demandas da comunidade. “Os concursos de rap, foi o que uniu os Racionais (MC’s). Fez Planet Hemp, cara, achou MV Bill. São os concursos de rap, as disputas e os festivais que vão trazer uma linguagem combativa”, afirma.
*Texto produzido pelos estudantes do 4º ano de Jornalismo na disciplina de Assessoria de Imprensa II