Pesquisadores “desenvolvem metodologias em diálogo com a sociedade”

A produção de conhecimento em comunicação popular e comunitária foi tema de mesa redonda com coordenadoras de grupos de pesquisa

Julia magalhães

Natalia correia

Nathalia ribeiro*

Foto: Nathalia Ribeiro
Foto: Nathalia Ribeiro

A mesma publicidade que vende mercadorias e incentiva o consumismo pode ser uma ferramenta da comunicação popular. Foi o que defendeu a pesquisadora Patrícia Saldanha, do Laboratório de Comunicação Comunitária e Publicidade Social (Laccops), que é vinculado à Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela participou de uma mesa que discutiu a contribuição dos grupos de pesquisa para a produção de conhecimento em Comunicação Popular e Comunitária. A partir da ideia de que o termo publicidade significa “tornar algo público”, Saldanha defendeu que é possível usar métodos publicitários para dar visibilidade às demandas sociais.

Entre os projetos do Laccops está o “saúdes raras”, que por meio de um site, ajuda pessoas a buscar no Sistema Único de Saúde (SUS) medicamentos para o tratamento de doenças raras. Além da documentação necessária para obter esses medicamentos, o site mostra a experiência de pessoas que conseguiram ter acesso a esses tratamentos. O Laccops foi iniciado por Saldanha há mais de 10 anos, tem um foco maior em pesquisas voltadas à publicidade social, entendendo os focos e eixos e sistematizando esses processos. “O laboratório testa e desenvolve metodologias em diálogo com a sociedade”.

Composto por estudantes e pesquisadores, o Laboratório trabalha com extensão, pesquisa e ensino na universidade, mantendo juntamente os vínculos com a sociedade civil. Iniciativas com a publicidade social também são encontradas em países como Colômbia e México. A pesquisadora comentou que uma das principais razões para a pesquisa da publicidade social foi a  necessidade de uma pesquisa que se adequasse às condições culturais do Brasil e outros países na América Latina. “A publicidade social começa nos Estados Unidos para recrutar a juventude para participar da guerra. Eu vim com uma outra proposta de uma coisa que já existia”. 

COMUNICAÇÃO LOCAL

Com mais de 25 anos de experiência na área de Comunicação Social e Comunitária, Cicília Peruzzo é referência no assunto e fez a abertura da mesa, compartilhando experiências através de sua atuação no Núcleo de Estudos de Comunicação Comunitária e Local 

Segundo Peruzzo, o COMUNI, “por um lado, frisa  a comunicação comunitária, mas também tem um braço na comunicação local, desde que sejam experiências voltadas à cidadania. Temos estudos desde comunidades quilombolas até o uso de redes sociais digitais em movimentos sociais”. Desta maneira, os membros, investigam a comunicação dos movimentos sociais, sindicatos, coletivos e comunidades, além das organizações não governamentais, no exercício da cidadania. 

Este grupo é composto por estudantes de graduação, mestrado, doutorado e outros professores, em sua maioria militantes de organizações e preza pelo diálogo entre sociedade e pesquisa. Na mesa, a pesquisadora também mencionou uma prática comum entre os participantes do projeto  encontro anual de pesquisa do COMUNI, é um evento que promove apresentação de pesquisas pelos pesquisadores, além de compartilhamento de experiências entre grupos e coletivos não vinculados à universidade. Esta iniciativa começou “para fazer com que os acadêmicos estudassem o que acontece na sociedade, e que a sociedade soubesse o que se passa dentro das universidades, através das pesquisas”.

* Texto produzido pelos estudantes do 4º ano de Jornalismo na disciplina de Assessoria de Imprensa II